sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A cor da perda

Os minutos passaram depressa e ela ficara nervosa por isso. Sentia raiva do relógio. Mas enfim ao descer do carro logo o avistou. Estava alí, à sua espera. Os olhos dela brilhavam emocionados, mas inesperadamente desfaleceram. O encontro seria a três. Ela não conhecia aquela outra pessoa. Pele clara, olhos profundos, bastante arredondados. Foi logo apresentada, mas não conseguia sentir "prazer em conhecer". Estava desapontada. Havia corrido tanto para estar alí, para encontrá-lo e falar sobre seus sentimentos. Permaneceram sentados durante longos minutos. Seus acompanhantes pareciam estar se divertindo, mas ela estava cada vez mais inerte. Querendo fugir desesperadamente. Perdeu a força junto com a esperança. Via felicidade nos olhos dos dois. Prazer. Ouviu confidências. Risos. E tudo aquilo a pertubava. Derrubou um copo. Pediu desculpas quase que silenciosamente com os olhos baixos. Achava-se feia naquele momento. Apagada. Desnecessária. Teve vontade de despencar ao chão e o fez. O peso do seu corpo a fez sentir dor, mas a dor mais aguda vinha do seu ventre. Ouvia muitas vozes e sentia algumas mãos pelo seu corpo. Sentia-se úmida. Não conseguia identificar o porque do chão molhado e quente. Por vezes tentou abrir os olhos. Vermelho. Tudo era vermelho naquele momento. Ela sabia, mas ele não entendia o porque.
(10/10/2006)

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