Uma vez me disseram que amor de mãe é pra vida toda. Questionei-me logo em seguida: “Vida toda” de quem? Dela ou do filho? Apesar da minha “pouca” idade, me preocupei com isso. Hoje, folheando uma revista qualquer, apreciei a fotografia de um bebê risonho e vestido como uma boneca. Logo pensei: Quero um desse pra mim! Que criatura mais linda! Passaram-se alguns segundo e me veio a tal frase em mente. Veio com peso. Senti o vazio novamente. Este que vem me perseguindo a cada dia. Entristeci só de pensar se me tornaria uma mãe como a qual não quero ter. Enxuguei o rosto e tentei sorri como o bebê que sorria na foto. Pensei em nascer de novo, mas não da mesma barriga. De barriga nenhuma. Simplesmente nascer. Muito me admirei por pensar em nascimento... Alguém que vem “morrendo aos poucos” querendo nascer. Nem sequer perspectiva de placenta eu tenho. Quanto absurdo. Tentei me esquivar do meu sofrimento oculto e voltar àquela revista cheia de figuras. O bebê. Estava ali, rindo de mim. Rindo descaradamente. Senti inveja da sua felicidade. Quem seria sua mãe? Será que o amor dela por ele era “pra vida toda”? Será que ele a ama? E o seu amor também é para “a vida toda”? Não houve resposta. Fechei a revista. Ele apenas ri. Senti falta do ausente. De quem já não se faz mais. Não se faz mais para mim. Não me faz sentir o que seria pra sempre. Chorei por amor ou, quem sabe, pela falta dele.
(27/04/2009)
(27/04/2009)