terça-feira, 23 de novembro de 2010

Era só o que eu tinha pra dizer

Vitória, 22 de novembro de 1998

Tava sufocando de tanto engolir as palavras, mas tenho que lhe falar. Os filmes que me deu assisti a todos. São lindos. Chorei com os diálogos de alguns. Fizeram-me lembrar de vários momentos. Me reconheci em uma personagem em particular, depois te conto pessoalmente. Não sei quando, mas prefiro. Tenho pensado muito em alugar outro apartamento, mas como sempre tenho dúvidas e preguiça. As caixas chegaram hoje, são grandes, mas ainda estão vazias. Ai como eu queria sua ajuda. Podíamos arrumar nossas coisas juntos, bebermos um vinho, como daquela vez. Lembrei de você hoje na fila da padaria. Havia um rapaz falando com a namorada pelo celular. Tentava acalmá-la e dizia repetidas vezes: "Fique bem, eu estou com você!". Tio Fred perguntou por você mês passado, quando ligou para pedir-me um dinheiro... O novo emprego é bom. Ah! Não lembro se te contei. Desculpe-me. Não se sinta excluído, é que ando com a cabeça... você sabe como. Tive febre por dois dias seguidos mas fiquei bem após uma cartela inteira de Paracetamol 500mg. Tenho tido alguns sonhos estranhos. Andando sobre um barbante muito comprido. Acordo suada. Saí com o Jorge. Bebemos um pouco, ele dormiu aqui. Estranho mas muito bom. Lembro de você quando acordo pois seu travesseiro ainda está aqui. Pode vir buscar se quiser. As maçãs que deixou na geladeira apodreceram. Tive que jogá-las fora. Desculpe. Estou cansada. A água está amarga... As uvas estão azedas. A casa está vazia.


Um abraço,

Joana

PS1: Se possível, envie minha luminária pela transportadora. Sinto falta dela.

PS2: Mudei meu email. Caso queira... mande notícia... Se quiser,é claro! jo43@ipsi.com

PS3: Ás vezes a saudade vem me visitar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

As palavras estavam aqui. Eram coloridas e alegres. Cheias de entusiasmo. Mas, num piscar de olhos é incrível como tudo muda. Simplesmente por olhar ao lado... Maldita sorte ou azar? As coisas mudam, as pessoas mudam o tempo todo. Eu mudo. Mas sei ficar também. Há mudança sempre. Um sorriso, o olhar atravessado, o beijo, as costas, o sim, o não, o querer, o abandono. Quem sabe o silêncio seja um bom refúgio. Quem sabe... Talvez não tão adequado para o momento, quando se exige tantos gritos e liberdade de expressão. Liberdade para o silêncio! Porque não? Já que as palavras coloridas desapareceram fico em silêncio. Sem brilho. Sem cor. Em silêncio profundo. Chega por hoje. E só.

domingo, 10 de outubro de 2010


De repente me deu uma vontade gostosa de escrever. Na verdade, primeiro veio o cheiro de chuva. Cheiro bom que traz lembranças, que traz prazer e que, melhor ainda, reforça em mim a vontade de pisar na terra. Poderia dormir embaixo de uma árvore. Daquelas bem grandes, encorpadas. A vontade de escrever veio daí. Contar pra alguém distante o momento fantástico e... E não sei. Me faltam palavras. Só sei que respiro fundo e me sinto lá. Um vento gostoso me faz acreditar. Preciso escrever. Mandar notícias. Compartilhar todo esse momento. Sinto a textura da terra em meus pés. As barras da calça dobradas, a caminhada ao horizonte. Preciso me encontrar. Caminhando em busca do equilíbrio. Posso mandar um email mais tarde. Tem alguém que vai gostar de receber notícias minhas. Quem sabe algum dia trago alguém aqui. Só assim vai entender que lugar é esse.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O cobrador ou a passageira?

O ônibus ia para a "Lapa" e eu estava nele. Estava lá sentadinha na cadeira junto à janela. Mas eu não ia pra essa tal "Lapa" não. Dizem que é um lugar feio retado e que fica lá pro centro da cidade. Mas o que interessa é que eu ia era pra praia! Aqui esse povo chama de "orla". Sei pra quê! Oxe! povinho compenetrado hein! Mas eu via era coisa! Lá pelo meio do caminho foi que o cobrador foi passando e cobrando. Gentil o mocinho. Podia namorar com a Geisa, olha só! Mas todo atrapalhado, deixou as nica cair bem umas três vezes antes de chegar a mim. Eita barulhinho engraçado! Eu liberei meu riso frouxo. Mas parece que ele não gostou muito não. Mas eu não ri dele não gente. Eu ria era das moedas. Oxe! Esse povo hein! Quando eu digo... eita povinho compenetrado!!!

sábado, 31 de julho de 2010

Os olhos piscavam sem parar! Piscavam no mesmo ritmo do coração. Era um cisco. Mas não era ele que provocava. Tudo era daquele jeito, naquele momento, tudo, nada. Sensação de vazio, de algo inacabado. O inacabado que foge às mãos, aos olhos. Tudo por causa de um suspiro, um desejo, um seguir. E quem ficava alí parava. Parava ao olhar que a partir daquele momento o inacabado se recriava.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Jujubas


Fernandinho adorava jujubas.
Doces e coloridas, açucaradas e macias. Brincava em saborear suas cores preferidas primeiro. Vermelha, roxa, amarela. Fica pra depois a laranja e a verde. Aquela boca rosa por natureza ficava toda açucarada a mastigar aquelas pequenas delícias. A mãe teimava em limpá-la mas era assim que ele gostava. "Boca de açúcar". E qual o problema? Assim tudo fucava mais doce pra Fernandinho.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O Grito


Atordoada. O coração acelerado não suportava mais tamanho escândalo. O som dos motores e das buzinas, da chuva, das vozes, do vento. Os ouvidos não suportavam mais. O coração acelerado. As pupilas dilatadas. O coração acelerado. Os músculos fadigados. O coração acelerado. Olhava ao redor, buscava uma saída, uma brecha. Sentiu-se aprisionada, acorrentada. Um, dois, três... Respirava tentando se fortalecer, oxigenar seu corpo e explodir. Explodir como uma bomba em cima de tudo e de todos. Estava exausta. Desiludida. Raivosa. Revoltada. Correu contra o tempo, contra as palavras, contra tudo e contra todos. Apagar da sua memória toda aquela tragédia. Abre e fecha os olhos. Uma, duas, três... De volta ao silêncio...

terça-feira, 6 de julho de 2010

O Lenço


Hoje no ônibus vi uma senhora de lenço amarrado na cabeça. Era bonita, gorda e bem disposta. No entanto, era nítida a sua doença. Faltavam-lhe os cabelos. Olhei bem os seus olhos e não via tristeza. Fiquei pensado... Pensando quanto vale o choro. Já chorei por muitas coisas nessa vida. Choro de dengo, choro por fome, choro de dor, de saudade, de perda, de muitas perdas, choro de felicidade. Choramos muitas vezes, por muitas coisas. Inclusive por motivos banais. Choramos por drama, tensão exagerada. A mulher do lenço não chorava e cheguei a pensar que ela deveria estar chorando. Mas não estava. Pelo contrário, ela sorria. Sorria verdadeiramente. Fazia questão de conversar com quem sentava ao seu lado transmitindo alegria, espontaneidade. E seus olhos brilhavam. Chegou enfim o momento de me levantar e ir embora. Me agoniei por sair dalí e não ter estado mais próxima dela. Foi então que na pressa da saída, dos pedidos quase infinitos de "com licença", não resisti e perguntei: "Por favor! Que horas são?"

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Uma segunda-feira


De olhos fechados sonhava estar em algum lugar distante. Uma brisa fresca alisava sua pele. Sentia o prazer da tranquilidade, do silêncio, do sono. Alguém aproximáva-se, dizendo coisas estranhas, intrigantes. Tinha um ceceio engraçado e andava rápido. Acordou e decidiu iniciar um diálogo com aquela criatura esquisita. Foi em vão. Aquela figura já havia partido. Com pressa sumiu no horizonte. Decidiu sentar-se ao chão. Estava embaixo de uma árvore e muitas formigas perambulavam pelo seu corpo num fazer cócegas altamente estimulante. Olhou ao seu redor e percebeu que havia um mundo ao seu redor. Uma estrada à caminhar. Mas batia uma preguiiiiiiiiiiiiiiiça! Nossa, quanta moleza! Pensou: "Levante-se cara! Está na hora de ir! Você tem muito a fazer nesse lugar!". De onde vinha aquela voz não sabia. Mas o som estridente do despertador às 6:00hs era sua certeza. Levante-se! Até sexta-feira sonhar nem pensar!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Minha serenata


Hoje eu desejei uma serenata Daquelas antigas com canções de amor explícito Que a moça bonita ouve da janela alta de uma casa branca com cheiro de flor Uma serenata doce com olhos cheios d'água E banhar-se de um abraço forte, ligeiro Eterno Uma serenata doce... Pra te cantar com a lua cheia

sábado, 3 de abril de 2010

É só um carinho
Um cafuné
Um cheiro no cangote
Um abraço... de "urso"!
Um olhar
Um dar a mão
Só um carinho
Aquele cochicho no pé do ouvido
O suspiro da mais plena felicidade
Tudo isso
E é só um carinho pra gen
te ficar assim

Sem mais


Algo escondido à sombra
Algo alí
À minha frente
Fez-se presente aos meus olhos
O coração que estava leve
Despencou
Lacrimejou os olhos
O riso entre os lábios deu lugar a um gosto amargo à boca
As palavras ditas não assumem seu lugar
Me sinto fraca
Nua

Fechando os olhos
Tentando não acreditar
Mas está alí
Escrito
Lido
Tudo aquilo que você não me disse.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Eu tava alí

Tava com saudade
Saudade das palavras
Do chiado do lápis no papel e do tilitar das teclas
Saudade do texto na tela
Das bochechas levemente rubras
Dos olhos úmidos
Do sorriso maroto ao olhar
Tava aqui bem pertinho mas escondida
sem vontade mas cheia de sentidos, palavras e força
Tava só quietinha
Correndo atrás de sonhos