terça-feira, 6 de julho de 2010

O Lenço


Hoje no ônibus vi uma senhora de lenço amarrado na cabeça. Era bonita, gorda e bem disposta. No entanto, era nítida a sua doença. Faltavam-lhe os cabelos. Olhei bem os seus olhos e não via tristeza. Fiquei pensado... Pensando quanto vale o choro. Já chorei por muitas coisas nessa vida. Choro de dengo, choro por fome, choro de dor, de saudade, de perda, de muitas perdas, choro de felicidade. Choramos muitas vezes, por muitas coisas. Inclusive por motivos banais. Choramos por drama, tensão exagerada. A mulher do lenço não chorava e cheguei a pensar que ela deveria estar chorando. Mas não estava. Pelo contrário, ela sorria. Sorria verdadeiramente. Fazia questão de conversar com quem sentava ao seu lado transmitindo alegria, espontaneidade. E seus olhos brilhavam. Chegou enfim o momento de me levantar e ir embora. Me agoniei por sair dalí e não ter estado mais próxima dela. Foi então que na pressa da saída, dos pedidos quase infinitos de "com licença", não resisti e perguntei: "Por favor! Que horas são?"

2 comentários:

  1. Muito bom..... fenomenal... o inquietante desejável.... eita pareci psicanalista....bj

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  2. Muito bom...rsrsrs Sempre nos deparamos com cenas poéticas como essa, mas nem todos tem olhos para ver! o.O
    Bjookasss!
    *Bia

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